Humanos, incompletos e multiformes

Giovanni Canova é um pseudônimo para um homem cis hetero, com formação universitária, branco e com mais de 50 anos. Tentando reduzir o personalismo habitual no meio artístico, o autor entende que é melhor ficar oculto, e não ter seu rosto ou identidade expostos, porque, afinal, já se expõe demais escrevendo e pintando.

Giovanni não é escritor profissional e não pretende ser. Pinta, mas nunca fez um curso para pintar melhor. Treina corrida de rua há muitos anos, mas nunca ganhou nenhuma prova. Gosta de cozinhar, mas só algumas coisas estranhas. Não sabe se é melhor ler ou correr, fazer trilha no mato, ou remar um caiaque ou standup por horas. Quando não dá, cuida das várias plantas que tem em seu apartamento. Viaja bastante, mas não tanto quanto gostaria, e ainda trabalha mais de 60 horas por semana, o que acha ser um absurdo.

Já está no terceiro casamento (parece ser um camarada persistente), e tem duas filhas adultas. Não tem animais de estimação, até para não arriscar outro divórcio. Não é religioso, e acha que não devemos depender do conceito de Deus para vivermos uma boa vida no plano individual ou coletivo. Apesar de usufruir do capitalismo diariamente como privilegiado que é, seus pensamentos a respeito disso são contraditórios e faz piada com a meritocracia.

Não acredita em felicidade como um conceito importante, ou que justifique o que faz e como vive a vida. Ainda tem inúmeros projetos, mas está sempre preparado para a morte, sua e dos outros. Tem a frieza de qualquer bom psicopata, mas não passa de uma grande manteiga derretida.