Num canto de Salvador onde o cheiro do acarajé se mistura com o perfume das rosas vermelhas, Maria do Carmo — uma jovem cheia de graça e coração ardente — descobre que carrega um dom misterioso: ela é a encarnação de Pombagira das Sete Encruzilhadas, a entidade que dança entre o mundo dos vivos e o dos espíritos, trazendo justiça com um sorriso nos lábios e gingado nos quadris.
Mas esta não é uma história de trevas ou pactos sombrios. Aqui, Pombagira é luz, festa e liberdade — ela aparece nas festas de largo, nos amores proibidos, nas conversas de boteco e nas rezas cheias de axé. Quando o comerciante Zé Linguiça tenta enganar os pobres no mercado, é ela quem dá o troco com uma travessura. Quando a doce Florinda sofre por um amor não correspondido, é Pombagira quem a ensina a se valorizar. E quando o jovem e atrapalhado João Pé-de-Vento se mete em confusão, é ela quem o salva, mesmo deixando-o com o coraçãozinho batendo forte.
Entre procissões de São João, rodas de samba no Pelourinho e noites de lua cheia na Ribeira, a narrativa se desenrola como um romance cheio de humor, magia suave e personagens inesquecíveis, no melhor estilo de Jorge Amado. Aqui, os orixás brincam, os exus são malandros e Pombagira é a grande heroína — uma figura de força feminina, alegria contagiante e sabedoria popular.
Num final em que o amor vence, a malandragem é desmascarada e a festa nunca acaba, descobrimos que Pombagira não é medo: é farra, é justiça, é o povo baiano em forma de mito.
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