Em comum a todos os textos, dois personagens: o pai e a pequena Valentina, sua filha. Em cada um dos textos, o cronista joga luz sobre sua relação com a filha e a difícil responsabilidade de educá-la. E ao expor essa convivência tão íntima, o cronista acaba por registrar mais do que um prosaico cotidiano: expõe os meandros de outra arte, ainda mais difícil do que a de educar, a de conviver. Em cada um dos textos, acompanhamos o amadurecimento de dois indivíduos: o da menina, que age movida pela curiosidade típica das crianças, e o do próprio pai, que se autodefine um adolescente. O pai ensina e, muitas vezes, é ele quem aprende. E ambos crescem aos olhos do leitor.
Acompanhamos as idiossincrasias dessa convivência — e as alegrias e frustrações da pequena Valentina — como se fôssemos visitantes que chegam à casa numa hora inapropriada. Acontece que essas horas, ainda que inapropriadas (e talvez por isso), nos trazem pequenas epifanias disso que chamamos de humanidade. Como a da visita de uma esperança, ela mesma, o inseto. E esse texto me aludiu àquela crônica na qual Clarice Lispector recebe semelhante visita. A esperança vista por Clarice e seus filhos era frágil e “burrinha”. A de Valentina e Lo-Bianco é pequenina, possivelmente um “grilinho”, e, sob a lucidez da menina, mostra-se pequenina, mas dotada de beleza. “A gente que é muito grandão para ela”, arremata a criança. Já que falei de Clarice, impossível não lembrar de outro de seus textos: o livro infanto-juvenil A mulher que matou os peixes . Aqui, Valentina perde dois de seus peixes — um por excesso de zelo (no caso comida); outro, por morrer naturalmente. E a menina é apresentada a temas como frustração e a finitude da vida. Findo o livro, o leitor é brindado não com uma crônica, mas com uma carta. Esse texto último é mais sóbrio e sentido que os demais. E o leitor, que já estava familiarizado com o cronista, é apresentado agora a uma outra faceta do jornalista: a de escritor. Um escritor que vai além do cronista atento e divertido. Esse escritor é capaz, sobretudo, de nos comover.
ISBN | 978-65-993-1579-4 |
Número de páginas | 119 |
Edición | 1 (2021) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Blanco y negro |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Portugués |
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