O Rio ganha mais um autor de romances. Mauro Franco, o jornalista da Zona Sul carioca, estreia na função com “Tempo Incerto”. A narrativa, que se passa na cidade, faz jus ao título mostrando as incertezas da passagem do tempo - e as surpresas que ele sempre nos traz. Como ter, o tempo, revelado um excelente escritor até hoje escondido por trás do jornalista ativista e perspicaz?
O romance se desenrola em três tempos interlaçados. Imaginem o que é, um dia, estar na década de 1980 trabalhando como jornalista na cobertura do show de uma das inúmeras bandas que surgiram nesse período e, no seguinte, acordar no Hotel Avenida, almoçar no Bar Brahma da Galeria Cruzeiro, passear de bonde pela Cinelândia ao largo do Palácio Monroe e ler manchetes sobre Getúlio Vargas estampadas nas capas dos principais jornais? Fábio teve essa oportunidade ao, sem querer, se transportar pelo tempo e ir parar em 1936, quando os costumes e o modo de viver cariocas eram tão diferentes.
Fábio se sente como um peixe fora d'água e logo se percebe suas contradições, seus lados positivo e o negativo emergindo na história. Ao retomar sua vida, novamente nos anos 80, ele se dá conta do quão absurda parece sua história, a mantém em sigilo e segue sua vida. Em casa, o jovem desfruta apenas felicidades com sua esposa, Vera, e suas duas filhas. Sua vida não poderia ser mais feliz até que sua vida dá uma trágica reviravolta.
O tempo passa e, em 2015, sua realidade já é outra. As filhas agora adultas e independentes foram criadas por ele e Dani, sua segunda esposa, com quem vive um relacionamento estável. Apesar de amá-la, Fábio nunca esqueceu Vera e a lembrança da amada ganha força quando ele percebe que a ausência dela foi consequência de seu estranho segredo. A partir daí, ele decide novamente voltar ao tempo para buscar sua amada. O que ele não esperava é que suas ações viessem a provocar reações imprevisíveis, mostrando a ele a incerteza do tempo.
O livro de Mauro Franco também transporta o leitor pelas diversas épocas ao longo das quais a história transita, mesclando outros temas com a história central. Tráfico de órgãos, alcoolismo, vulnerabilidade social e outros problemas recorrentes na sociedade surgem, não só enriquecendo a narrativa com também injetando uma forte dose de realidade que convida a todos uma identificação com os personagens. Apesar do realismo fantástico das passagens temporais, os dramas poderiam acontecer com qualquer um de nós. Todos poderíamos ser Fábio – que, até voltar a 1936, certamente também desacreditava que isso seria possível.
Alexandre Kalache
Médico e presidente do Centro Internacional da Longevidade
ISBN | 978-85-920648-0-8 |
Número de páginas | 401 |
Edición | 1 (2016) |
Idioma | Portugués |
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