Não é tarefa fácil escrever um livro em memória de alguém que partiu, mas que ainda continua bem presente, e deixou à sua volta um vazio difícil de preencher. Mais do que uma homenagem, este livro é uma manifestação de vida, um agradecimento por uma existência singular e irrepetível, e uma invocação que vem desse profundo sentimento de perda. Aniversários, momentos em família e ao redor de uma mesa para o café da manhã, são invocadas em cada página, cada suspiro exalado na escrita. Pequenos episódios, que agora ganham outras proporções, agigantam-se perante a saudade e o vazio que ficou a pairar à sombra dos dias que se vão lentamente afastando dessa certeza. Um pai amoroso, um homem digno, divertido e afetuoso, não podem simplesmente ser esquecidos, de um momento para o outro. A vida seguirá seu curso, obrigatoriamente, mas ainda não chegou tempo. Recordar, agora, é um exercício fundamental e imprescindível. Reinadi, não está só nesta viagem. Não se restringe à sua própria voz, invoca outras vozes, igualmente presentes, igualmente importantes, como se a saudade fosse demasiado grande para a suportar sozinha, e o livro se transforma numa multidão de vozes que se erguem como forma de perpetuar alguém que ninguém admite perder. O livro está recheado de fotos, fragmentos que procuram fixar os elos mais significativos de uma passagem que acaba por se revelar efêmera.
Runa. 03.072019.
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