Memórias de um Canhoto Direito

Por Severino dos Ramos Silva

Código del libro: 307888

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Biografía y autobiografía, Literatura Nacional, Vida Cristã

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Sinopsis

“Sofri muito para aprender a escrever, uma vez que, mesmo sendo canhoto, a professora me obrigou a escrever com a mão direita. Sou canhoto para tudo, menos para escrever e, por esta razão, fui bastante castigado(...)” — Pastor Ramos

Eita livro gostoso de se ler!!!

Estas páginas autobiográficas, incrementadas por várias memórias que marcaram a vida do Pastor Severino dos Ramos Silva, esse nordestino paraibano, nascido no município de Itabaiana e radicado na cidade do Pilar, berço do grande romancista José Lins do Rego, formam um painel da vida de muitos outros nordestinos que tiveram que deixar seu torrão natal, em cima de um pau de arara, em busca de uma vida melhor nas grandes metrópoles de nosso país.

O primeiro contato que tive com o livro do Pastor Ramos, como é mais conhecido o pastor presidente da Igreja Evangélica Cristã Congregacional de Pilar-PB, onde tive a felicidade de converter em 1993, deixou-me a sensação de que estava lendo não um livro de um escritor principiante, mas uma verdadeira obra literária de um escritor habilidoso com o manuseio da palavra escrita, que sabe narrar de forma objetiva, sem enfeites desnecessários, as memórias de sua vida que, com certeza, assemelham-se as aventuras vividas por muitos outros nordestinos espalhados pelo nosso imenso Brasil. Por isso asseguro que este livro não é apenas um livro de memórias, mas um painel fulgurante, rico em detalhes, da vida de nosso povo nordestino.

Os costumes da vida do interior estão aqui pintados em cores vivas, adornando de encanto e beleza, não apenas as reminiscências do Pastor Ramos, mas a prosa paraibana. Preenchendo, assim, uma lacuna deixada com a morte do poeta, historiador e cronista José Augusto de Brito, autor de “Pilar é História” e “Canções do Entardecer”, entre outras importantes obras literárias. O fato é que estas memórias da vida do Pastor Ramos enriquecem a cultura de nosso país, de especial modo a cultura nordestina que precisa ser registrada, cada vez mais, para conservação da história de nosso povo.

Digo que a leitura deste livro é mais gostosa do que as jacas de Chã de Areia, do que as mangas do Figueiredo e do que as canas caiana do Engenho Corredor. É uma verdadeira viagem ao passado com gosto das aventuras do “menino de engenho”. O seu modo conciso, enxuto e objetivo de narrar os fatos fizeram-me lembrar também o modo de escrever de um dos maiores escritores brasileiros, o romancista alagoano Graciliano Ramos, que soube, com maestria, descrever o cenário e o drama das famílias de retirantes nordestinos, em seus fabulosos romances, onde se destacam: “Caetés”, “São Bernardo” e, sua obra prima, “Vidas Secas”. Também me fez lembrar o grande poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto com o enredo de seu auto de natal “Morte e Vida Severina”. Onde diz o poeta pernambucano:

“Somos muitos Severinos

iguais em tudo na vida:

na mesma cabeça grande

que a custo é que se equilibra,

no mesmo ventre crescido

sobre as mesmas pernas finas

e iguais também porque o sangue,

que usamos tem pouca tinta.”

(João Cabral de Melo Neto)

E o pastor Severino dos Ramos realmente veio enriquecer a terra dos geniais Severinos: Severino Dias de Oliveira (o grande músico Sivuca) Severino de Andrade Silva (o poeta Zé da Luz) e Severino Rangel de Carvalho (o Ratinho da dupla musical Ratinho e Jararaca), somando-se entre outros Severinos que dão orgulho não só à querida Itabaiana do Norte, mas a todo Vale paraibano.

Sinto-me honrado em escrever algumas linhas sobre esta obra tão impactante. Quem tiver o privilégio de ler este livro não vai se arrepender. Suas páginas são recheadas de crônicas bem humoradas, como também de bom testemunho cristão. As suas experiências, como pastor, nos ajudam a refletir sobre a nossa vida e a nossa missão na terra. Enche-nos de esperança e nos alimenta a fé no único Deus vivo e verdadeiro que supre as nossas necessidades.

Parabéns, Pastor Severino Ramos! Seja bem vindo ao rol dos escritores pilarenses, itabaianenses, paraibanos, nordestinos e brasileiros. Mas, principalmente, ao rol dos escritores cristãos, que professam sua fé inabalável no nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Que Deus continue lhe abençoando com muita saúde, paz, inspiração e vida longa!

Um fraternal abraço.

Antonio Costta

(Poeta e escritor pilarense)

Características

ISBN 978-65-901-7111-5
Número de páginas 134
Edición 1 (2019)
Formato A5 (148x210)
Acabado Tapa blanda (con solapas)
Coloración Blanco y negro
Tipo de papel Offset 90g
Idioma Portugués

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Habla con el autor

Severino dos Ramos Silva

Severino dos Ramos Silva, ou simplesmente Pastor Ramos, nasceu em 05/05/1950 na Fazenda Maracujá, no município de Itabaiana, Estado da Paraíba. Mas está radicado no município de Pilar-PB, desde 1990, onde foi agraciado com o título de Cidadão Pilarense, outorgado pela Câmara Municipal de Vereadores de Pilar.

É casado com Veralúcia Bezerra da Siva e pai de três filhos: Ivan Ramos Bezerra da Silva, Uziel Bezerra da Silva e Davi Bezerra da Silva.

É pastor presidente da Igreja Evangélica Congregacional de Pilar-PB.

É autor do livro "Memórias de um Canhoto Direito".

****************************************

"O COMEÇO

Nasci em um lugar chamado Fazenda Maracujá, município de Itabaiana/PB, no dia 05 de maio de 1950 e sou o quinto filho do casal Pedro Miguel da Silva e Inácia Maria da Silva. Na época as mulheres pobres davam a luz em casa, acompanhadas por parteiras leigas da própria região. Segundo contava minha mãe, meu pai saiu em busca de uma parteira, que demorou muito para chegar, portanto, quando ela chegou, eu já havia nascido.

Nesse tempo, quando nascia uma criança os pais soltavam fogos, como forma de avisar aos vizinhos de que o bebê havia chegado ao mundo. O pai do recém-nascido oferecia aos amigos uma bebida artesanal chamada cachimbo, para demonstrar sua alegria. Toda a vizinhança se dirigia a casa para conhecer o bebê, parabenizar os pais e tomar o cachimbo. A criança com poucos dias de vida começava a comer papa, normalmente preparada com leite de vaca ou de cabra e farinha de araruta ou de mandioca, as mães usavam o dedo para dar a papa às crianças.

Recebi o nome de Severino dos Ramos Silva. Meus pais já tinham quatro filhos, sendo eles: Francisco Pedro, José Pedro, Miguel Pedro e José Pedro, formando então uma família com cinco filhos. Com o passar dos anos vieram ainda Maria do Carmo, Luiz Pedro, Manoel Pedro e José Maria. Nosso o irmão caçula, Roberto, é filho da nossa madrasta.

Em janeiro de 1956, por causa de uma grande seca e muitas dificuldades, nosso pai resolveu deixar a Paraíba e tentar a sorte em Pernambuco, indo morar na cidade de Ribeirão, região sul do estado. A viagem entre Itabaiana e Recife foi muito sofrida, pois a estrada era de barro e o ônibus (que era chamado de sopa) tinha seu bagageiro na parte superior externa e levava muitas crianças. Nossa bagagem, reduzida a roupas e redes, era conduzida em sacos, já que não tínhamos móveis.

Ao chegar à cidade de Recife, embarcamos no trem que levava à região sul de Pernambuco e partimos rumo ao nosso destino: Engenho Lages, pertencente à usina Caxangá. Passaram-se alguns meses e nosso pai não estava se agradando do lugar, decidindo, assim, mudar para o agreste do estado. Certo dia juntou os cacarecos e pegou um caminhão pau de arara e fomos para Riacho das Almas, cidade próxima a Caruaru, onde fomos morar no distrito de Trapiá, às margens do rio Capibaribe.

Lá também as coisas não deram muito certo, o que fez com que meu pai decidisse voltar para a Paraíba, desta vez para a cidade de Pilar. O lugar era desconhecido para todos nós. Mais uma vez um caminhão pau de arara nos levou até a cidade de Caruaru, onde embarcamos no trem que fazia a linha Caruaru-Recife. Em seguida, passamos para outro trem que saía de Recife com destino a João Pessoa e, finalmente, desembarcamos no nosso destino: Pilar.

Estávamos todos cansados e com fome, porém caminhamos a pé um pouco mais de meia légua até a Fazenda Figueiredo, propriedade do Sr. José Gouveia de Lima, a qual tinha como administrador o Sr. Manoel Inácio, os quais nos receberam com muito carinho. Na fazenda passamos a viver uma nova etapa da nossa vida, no ano de 1956. E Deus nos abençoou ali."

— Severino dos Ramos Silva

(Memórias de um Canhoto Direito)

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1 comentarios
Felipe Fernandes
sábado | 07.12.2019 às 23h12
Que interessante, fiquei com vontade de ler!