_ Olá !!!
_ Bom dia, senhorita !!!! Respondeu com alegria, Sr. Agenor, o jardineiro, acenando para a janela
onde estava Aylin.
_ Lindo dia!!!!
Diante de tanta beleza, Aylin não resistiu e desceu as escadas correndo para apreciar mais de
perto as borboletas que povoavam o jardim debaixo de sua janela.
Era o inicio da primavera aqui e ali surgiam novas flores, deixando o ar impregnado com seus
perfumes, fazendo uma mistura perfeita naquela manhã ensolarada.
Aylin havia chegado de madrugada, mas, mesmo assim não pode dormir mais tempo, a janela
estava entre aberta e a cortina branca, deixava entrar os primeiros raios de sol, a brisa brincava
ora soprando-a levemente para um lado ora deixando-a parada como que convidando-a para um
passeio.
Neste clima, era impossível continuar na cama, de um pulo, colocou-se de pé, assim mesmo, antes
dos demais se levantarem lá estava ela entre os canteiros, olhando, descobrindo a cada instante
uma nova variedade que dona Eulália, sua mãe, havia plantado nos meses anteriores. A primavera
agora deixava transparecer toda sua beleza, como que agradecendo seu carinho e sua dedicação.
Dona Eulália era uma professora aposentada que adorava passar suas tardes a cuidar do pequeno
jardim nos fundos da propriedade com a ajuda do jardineiro, que de tantos anos entre as plantas já
conhecia até suas manhas. Assim no meio de tanta beleza era inevitável que sua natureza sonhadora
deixasse fluir as lembranças doces, inclusive as do internato. Lá passou seus anos de preparação
para tomar parte da empresa de seu pai. Ela era a última de cinco irmãos, juntos pretendiam
comandar a fábrica de suco que durante anos seu pai dirigiu e ainda dirige, cuidou, fez crescer,
modernizando sempre, era na verdade um orgulho.
Seus empregados, ou mais do que isso, seus amigos, faziam parte da grande família Moraes. Tudo
corria na mais perfeita ordem, mesmo passando maior tempo no internato, as visitas constantes de
todos, as idas nas férias para a fazenda, sem dúvida fez com que não sentisse solidão e se
aperfeiçoasse ao máximo no que havia escolhido.
Com seus vinte um anos completos, formada em Administração, dona de uma invejável inteligência
para negócios, estava ali, entre as queridas flores de sua mãe deixando seus pensamentos a solta,
a recordar com alegria os grandes momentos de sua infância e adolescência.
De repente, entre as flores ela viu um leve chacoalhar, aproximou-se devagar para ver o que era,
sua curiosidade infantil ainda estava presente no corpo de mulher.
Abaixou–se e delicadamente separando as folhas e flores do pequeno arbusto, com cuidado, pois
poderia ser uma cobra ou algo parecido, e não foi surpresa quando deparou com Teco-teco, seu
gato, companheiro inseparável nas férias escolares, nas longas caminhadas pelos pomares, no
descanso gostoso na rede nas tardes quentes de verão. Reconhecendo-a logo acordou, espreguiçando
demoradamente e indo aninhar-se a seus pés fazendo-lhe a maior festa .
Aylin acariciou por um instante seus longos e macios pêlos, amarelo como ouro falando:
_Olá bichano, ainda não o tinha visto, quando cheguei de madrugada, você havia saído, com
certeza, para namorar !!!? Esboçou um sorriso e o pegou no colo.
Era delicioso sentir a maciez dos seus pêlos, parecia que a escutava, prestava atenção a tudo que
ela lhe dizia. Às vezes ronronava uma resposta que só os dois entendiam. Passavam horas juntos,
desde que fora trazido pelo seu pai numa noite escura e chuvosa, à mais ou menos cinco anos.
Foi amor a primeira vista, dizia Aylin. Ela estava de férias na fazenda, e numa noite seu pai ao
retornar de uma viagem deparou com o pequeno gatinho que miava sem parar próximo a porteira
principal da fazenda, estava encharcado e sentia frio, pegou-o então e trouxe dentro do sobre tudo
fazendo-lhe uma surpresa.
Quando chegou chamou-a e o deu de presente, foram para a cozinha dar algo de comer, secar
seus pêlos garantindo assim sua sobrevivência. Recordava cada momento daquele adorável
encontro. Nisto, uma voz tirou-a de suas recordações e olhando para a janela da sala do segundo
andar, pode divisar Ângela, sua irmã.
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Agora já enxergando perfeitamente, Aylin conduzia sua vida com mais firmeza, seu sucesso
profissional já aparecia em revistas especializadas em empresas, sua visão de administração e
produção muitas vezes mereceu prêmios internacionais. Sua vida agitada não deixava tempo para
pensar e se lamentar, absorvida em projetos deixava de lado o coração ainda sentido com a perda
de um grande amor.
Após um ano de conferências, simpósios, reuniões intermináveis, aceitou a sugestão de Sr. Morais
em tirar umas merecidas férias como diria Sr. Onofre. Não quis de imediato viajar, havia feito isso
tantas vezes que precisava de algo diferente. A primavera já estava no final, as flores apesar de
belas dava lugar a uma coloração mais forte devido ao calor que vinha a todo pique no verão.
Caminhar calmamente pelas alamedas sombreadas, admirar os pássaros no jardim, faziam mais o
gênero dela. Entre um passo e outro Teco- teco passava-lhe entre as pernas para chamar-lhe a
atenção já que seu pensamento voava como um pássaro por entre as árvores.
_ Olá bichano, não fique com ciúmes..... penso só na beleza deste lugar. Vem, aconchegue aqui
em meus braços e vamos caminhar por ai, sem rumo, sem lenço nem documento. Sorriu. _ Como
na música, que tal??
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Resistia em abrir os olhos, tinha medo de ser só um sonho, aquele toque tão familiar, tão desejado,
não queria apagar aquele momento, permanecia como elevada às nuvens. Tudo à sua volta parecia
insignificante, o som da cachoeira deixou de existir, seu corpo agora correspondia aquele afago
com tamanha realidade que mesmo assim precisou ouvir a voz dele para acreditar ser verdade.
Número de páginas | 284 |
Edición | 1 (2011) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Blanco y negro |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Portugués |
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