Este monólogo, escrito com a paixão e a profundidade características do filósofo Friedrich Nietzsche, busca mergulhar no abismo da mente de um homem que, no fim de sua jornada, se vê confrontado com a efemeridade da vida e a complexidade da morte. Através da voz de Nietzsche, aqui representada em uma reflexão que mistura dor, autocompreensão e uma serena aceitação do destino, o leitor é convidado a caminhar por um terreno filosófico e existencial onde a grandeza da vida humana não está na superação de seus limites, mas na aceitação destes.
Em um sanatório, à beira do fim de sua própria existência física e mental, Nietzsche revisita suas obras e suas ideias, questionando suas próprias crenças, suas angústias, e o legado que deixa para o mundo. Os dilemas do eterno retorno, do super-homem, e da transvaloração de todos os valores são revisitados sob a ótica de um homem que já não busca mais respostas grandiosas ou utópicas, mas sim uma aceitação tranquila, mesmo que resignada, da finitude.
A busca pela transcendência do sofrimento, que tão intensamente permeou sua obra, é agora substituída pela realização de que a verdadeira liberdade do homem está na vivência plena da vida, com todas as suas dores e encantos, em sua finitude imutável. Nietzsche não nos oferece mais soluções ou promessas de redenção, mas uma sábia e dolorosa compreensão daquilo que sempre tentou negar: a morte.
Este livreto oferece uma entrada nas últimas meditações do filósofo, onde a busca por sentido se dissolve em uma aceitação radical da existência. Aqui, o pensamento de Nietzsche encontra a paz não através da rebelião, mas da rendição consciente a tudo o que ele mais temia. Que este monólogo seja não apenas uma reflexão sobre a vida e a morte, mas também um convite à contemplação da nossa própria jornada humana, onde, ao final, a única certeza é a de que somos finitos, mas somos, ao mesmo tempo, eternos em nossas perguntas.
Por Evan do Carmo, poeta e crítico de arte, autor de 40 livros.
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