
É diáfano o que registra a propósito o ensaísta Georges Blin: “Prostituição por mimetismo! Num esforço único para compreender o significado dos rostos, Baudelaire passa da pessoa ao personagem, reencontra os gestos anteriores e o comportamento futuro, torna-se esse transeunte e ‘desapropria-se’ tanto quanto pode.” Baudelaire já está então muito longe do romantismo sob o signo do qual seus «olhos grandes com claridades eternas» perceberam pela primeira vez a macilenta luz de um mundo em angústia.
A sua versificação exibe uma lógica clássica perfeita. Os seus poemas estão repletos de ideias e opiniões. Mas essas qualidades externas são enganosas. Os seus modos de pensar raramente são analíticos; são intuitivos, emocionais e até visionários. Ele apresenta a experiência com um imediatismo vívido e sem filtros. A perfeição formal e retórica dos seus versos confere-lhes uma racionalidade superficial que esconde a agitação e a perplexidade subjacentes, sendo um desafio para quem tenta arriscar a traduzi-lo.
Número de páginas | 0 |
Edición | 1 (2025) |
Idioma | Portugués |
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