O diálogo se estabelece, no mínimo, entre um “eu” que fala e um “tu” com quem se fala. É assim que aprendemos nos bancos da escola. Os exemplos que temos na vida são sempre referenciados por um “tu”. É a “imagem” do outro que serve de modelo, ou não, para nossas vidas. Às vezes, esses modelos são seguidos e ,outras, são desprezados, mas o que dizer da procura incessante de nós mesmos? Olhar para o outro e esboçar um conceito não é tão difícil assim. Perceber o que há no outro é fácil. Agora, olhar para nós mesmos e enxergar as nossas limitações é muito difícil!
Eu diria ser quase impossível, pois não é um simples olhar! É o olhar desarmado de qualquer julgamento ou defesa. É o olhar que vai além, que percebe virtudes e fraquezas, que toca na sua própria ferida. É o olhar que simplesmente não só observa, mas que observa e revela o real, o que de fato é.
O poeta é esse ser que vive constantemente em busca do eu ou de um novo eu. O diálogo do poeta não só se estabelece com o “tu”. Estabelece-se com o tu e com o seu outro “eu”. Esse outro “eu” não tem sua definição exata. Esse eu é, de fato, o eu do “sem preconceito” e sem “sexo definido”. Ele se apresenta, ora criança, ora velho. Ele pode ser mulher como pode ser homem. Urbano ou rural, letrado ou analfabeto. Que diferença faz se é pobre ou rico? Pode ser branco ou preto. É esse “eu” que questiona e se questiona. Que diz e não diz; que chora e ri; que tem razão e se emociona. Que vive, revive e morre. Esse “eu” não é só permissível, não se iluda! Ele é o que vive de verdade! Ele se redescobre a cada verso escrito ou dito.
O poeta vive para se reinventar... Ele nunca se conforma com o real. Ele quer o real, mas ama o irreal! As inquietações são, de fato, muito bem-vindas no “mundo” do poeta. Mentes inquietas são mesmo as dos poetas. São criaturas que trabalham as palavras, vivem com as palavras, enxergam as palavras muito além do seu sentido denotativo – há graça em sua conotação! Signo e significado são bem mais do que realmente significam... A Linguística, talvez, um dia, quem sabe, possa achar razões para explicar o encantamento do poeta diante das palavras. Isto será um grande feito!
Israel Lima
ISBN | 978-85-913151-2-3 |
Número de páginas | 132 |
Edición | 1 (2014) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Blanco y negro |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Portugués |
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