“Flocos de inverno” é o último volume dedicado às estações do ano e o criei exatamente no inverno para impregnar em meus versos todas as suas essências. Foi um trabalho desafiador, porque na minha mente o inverno está aquém do inverno de um pais essencialmente tropical. Ou seja, na minha mente, inverno está ligado ao frio rigoroso, essencialmente à neve. É um tempo em que se recolhe dentro de casa buscando o calor das lareiras e das pessoas. Eis porque as pessoas se aproximam mais nessa estação.
Além disso, o inverno para mim, representa também, a cinza da mocidade, ou seja, esse período de reflexão existencial do ocaso da vida. Nos dois casos, representa, contudo, uma fase em que se intensifica o processo de introspecção pessoal.
Desse modo foi preciso valer-me da imaginação para buscar as essências que a estação sugere à minha alma poética: brancura, frio, solidão, fim... Não foi preciso muito, confesso, porque descobri que, por natureza, sou também um ser invernal. Aliás, todo poeta é.
Portanto, ao viver todas as essências invernais em meus versos, na maioria meditativos, acabei por concentrar-me em minha própria existência. E isso foi muito bom.
A quem ler esses poemas, desejo que possam compreender a essência dessa estação e como ela se mistura à nossa própria estação. Mas para que isso aconteça, leia-os com a mente de inverno, como nos alertou Wallace Stevens.
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