Estou aqui falando de mais um livro que gira em torno do amor e da fé. Já disse isso várias vezes e repito, porque essa é, no meu entender, a melhor definição para as obras de Fábio José Vieira, o Pratinha. O universo de suas produções é delimitado como que dentro de uma redoma, pois lhe apraz manter-se em tal reduto. O Astral e cósmico, que a maioria das pessoas vê como algo distante, está junto com ele, neste aquário. Há, porém, um detalhe. O cosmo que conseguiu captar, no sentido de apropriar-se, o poeta introjetou e fez, desse conjunto, um conhecimento específico. Os poetas andam na contramão do mundo e, por isso, causam estranheza, em seus escritos. Há os que almejam entender o universo para o utilizar como cenário para as suas divagações. O Pratinha botou uma mão para fora e pegou o imediatamente acessível do mistério inspiracional. Com o que conseguiu, construiu o seu jardim de encantamentos. Parece não querer contaminar seu pensamento de escrever. É um mundo próprio. Isolou seu ministério literário num recôndito onde gravitam, além de si próprio, poucos personagens construídos dentro do seu ofício. Por vezes, até o personagem próprio – ele - parece uma abstração. O que dizer dos outros que cultua? Muitas vezes nos leva a acreditar que as suas musas não existem e, ainda, que nem necessita delas, visto que vive com elas o que quiser, mesmo sem tê-las na presença (física). Os encontros impossíveis são a sua temática recorrente e podem angustiar certos leitores mais exigentes de “contatos imediatos de primeiro grau”. O êxtase dentro de suas criações manifesta-se de forma adjetiva e insistentemente usada como pano de fundo que a tudo contempla. Lá estão Deus, a mulher ideal, os seus desejos íntimos, as deusas pagãs, meio que misturadas com as mulheres do mundo, todos vivendo num conjunto que abarca e contempla beldades, rainhas, erotismo, fé, sonhos, fantasias. No meio desses conceitos, surgem outros e todos parecem nos encaminhar para o seu recado à mulher especial e talvez inalcançável, que ele endeusa, incessantemente. Em diversas ocasiões, nos trabalhos editoriais dos seus 22 livros que editei e nesse 23, tive a sensação de que o poeta de Itanhomi – MG., talvez não creia na perfeição que almeja e, por isso, a constrói nos seus livros. Esta é a sua missão? Talvez seja, de, pelo poder da repetição da palavra, corrigir o universo, pelo menos para o seu deleite, já que, no princípio era o Verbo e da palavra surgiu tudo que conhecemos. Mas vê, infelizmente, que este mundo é de imperfeição. Não dá para definir o seu lamento solitário, se com isso se contenta ou se acredita numa eternidade, onde irá sorver tudo aquilo que cria pela palavra. Contudo, ele não tem pressa. Parece ter encontrado, em seu estro, o caminho para a felicidade e a vê distante, porém considerando que chegará lá, um dia e este dia será interminável, em algum lugar do cosmo que ele conhece, ou supõe, de antemão. Quem acredita, se extasia. Quem não crê, é instigado a pensar. Se quiser sair do pensamento comum, leia. (Luciana Carrero, produtora cultural, reg. 3523 SEDAC/RS).
Número de páginas | 112 |
Edición | 1 (2022) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Blanco y negro |
Tipo de papel | Offset 90g |
Idioma | Portugués |
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