Hedonê

Eu aprendi a amá-lo, eu o amo, mas também amo aos outros, cada um à sua maneira. De algum modo ainda me sinto uma máquina de transformação e prazer (apenas com motivações diferentes), veja bem, todos que olharam nos meus olhos à noite nunca mais foram os mesmos. Você é incrível eles disseram, você parece uma atriz de tão linda, estou orgulhoso de você, você é foda! E tantas outras coisas, mas passaram brevemente pela minha vida como se eu fosse uma última parada de ônibus, divertida, um salgado devorado com fome e pressa, antes de chegar ao destino final. Depois de mim, eles, como em um passe de mágica, seguem uma direção melhor, mas eu não. Fui tudo para eles porque me dediquei intensamente, pondo tudo de mim para fora, me rasgando por inteira. Deve ser difícil lidar com toda essa intensidade, eu os entendo, é fácil beber o morno, mas eu, sou fogo! Eu ardo! Eu queimo, eu mordo. Não posso mais apenas aquecer, todos nós sabemos o quanto pode ser arrasador me ver passar, descontrolada, consumindo e dizimando todos no meu caos. Eu tenho uma tendência de não mensurar a minha força, machucar e trazer dor, pois é tão fácil saber suas fraquezas. No final das contas, uma linha tênue separa a dor e o prazer. Eu sinto muito! Eu não posso mais. Agradeço o que recebi e sei que sempre vou guardar. Eu percebi que não posso ser uma esposa. Eu já tenho um sobrenome. Sou completa. Tenho minhas estranhas habilidades e alta performance, meus 400 livros por ano, isso é muito para eu me contentar em ser apenas apoio, suporte, sobretudo porque sei que dificilmente vou encontrar alguém que possa minimamente fazer o mesmo. Volume três.