Surpresas em versos
Este livro não se perde em palavras, e nem as amontoa: Cintia Pruess
as escolhe com cuidado, pendura-as em cabides e as dispõe em mostruário
de bom gosto e surpresas. Em versos curtos, leva o leitor a,
automaticamente, criar um ritmo de leitura (é difícil ceder à tentação de lêlos em voz alta) enquanto desvenda os tantos significados que sustentam a
poesia.
Cintia tem a coragem de desnudar-se de dentro para fora e, ao fazêlo desnuda também as palavras. Assim, surgem surpresas, como nestes
breves versos: “...mas dentro/ das minhas próprias escuridões/eu beijo/tua
luz de neon.” Ou nesta confissão: “Houve um tempo/em que eu te
esperava/com a vaidade/dos tolos.”
Permito-me sugerir ao leitor que, ao ler os poemas de Cintia,
simplesmente navegue em sua beleza, sem demasiada preocupação em
entendê-los, pois sabemos que a alma, antes de desvendar significados,
gosta de vestir-se com o que é belo. E tem mais: há quase sempre um ou
dois versos ― às vezes apenas uma ou duas palavras ― ao final de cada
poema, que ficam atrás da cortina, a espreitar quem folheia as páginas
para, de uma vez, descortinar-se e explicar o que se passou.
Lá, no pé do poema, de repente, lê-se: “Huitzilopochtli”. Em outro:
“Pilatos em toda a multidão”. “Louco como Zaratustra” fecha alguns
versos. Para livrar-se das maquiagens que somos obrigados a carregar, a
solução vem lá no final: “Demaquilante”.
Mário Quintana deixou escrito: “A imaginação é a memória que
enlouqueceu.” Embarquemos nessa necessária loucura que Cintia nos
oferece.
Donald Malschitzky
ISBN | 978-65-266-2602-3 |
Número de páginas | 73 |
Edición | 1 (2024) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Colorido |
Tipo de papel | Ahuesado 80g |
Idioma | Portugués |
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