O Caraio do Amor-Próprio!

Quando eu tinha treze anos, meti na cabeça a ideia de escrever um livro. Semanas depois me senti tola, pois percebi que aquela seria a mais curta autobiografia já escrita. Mesmo nessa idade, já tinha o entendimento de que minha história era diferente das outras crianças; guardei esse sonho e o esqueci por anos.

Anos mais tarde os abusos se repetiram e durante quase dez anos fui esposa dedicada de um narcisista oculto. Levei anos tentando me convencer do contrário. Agora nesse exato momento em que escrevo, cinco anos depois da separação, essa ainda é uma verdade inconveniente. É difícil acreditar que não vi, pensar que houve momentos em que vi sob o véu de suas mentiras e ainda assim preferi ver apenas a névoa. É ainda mais difícil admitir para minhas filhas que escolhi tão errado. Tenho pavor que elas façam o mesmo. Por isso escrevo.

Quando entendi ao que havia sobrevivido, tentei dividir com o máximo de pessoas o que aprendi dessa experiência mórbida, mas mais importante, eu queria blindar outras para que não passassem pelo que passei.

Este livro é um grito de uma mulher congelada.