Sinto, Logo Existo

SINTO, LOGO EXISTO

Os sentimentos caminham lado a lado, em um delicado balé de emoções que nos percorrem, nos moldam, nos reinventam. Ora nos elevam ao doce êxtase das alturas, ora nos empurram ao silêncio dos abismos. É nesse vai e vem contínuo que a essência da vida se revela – ora luz, ora sombra, mas sempre pulsante.

A alegria que floresce com a manhã pode, sem aviso, ceder lugar à tristeza, como um céu azul que se cobre de nuvens densas. O amor, pleno de cor e vida, às vezes se envolve nas tramas do ciúme ou da inveja, revelando os espinhos. A paz, suave e sutil, pode ser rompida pelo ímpeto da raiva, assim como a esperança que nos alimenta pode vacilar diante do desespero.

Como o vento que ora acaricia, ora fustiga, o coração humano é uma “metamorfose ambulante”, onde felicidade e medo, gratidão e arrependimento, orgulho e fragilidade se alternam, dançando no compasso imprevisível da existência.

Minha vida sempre foi assim: uma sucessão de metamorfoses. Nunca acordo a mesma pessoa que fui no dia anterior. Renasço a cada manhã, diferente, renovado. Assim também é minha poesia. No início era ingênua, delicadamente bordada de sentimentos puros. Com o tempo, amadureceu, ganhou novas nuances, mas nunca deixou de carregar a ternura em seus versos.

Dividi meus poemas em dois tomos, refletindo essas duas fases. No primeiro, reúno os poemas da juventude, marcados pela simplicidade das primeiras emoções. No segundo, apresento os poemas da maturidade, que, embora mais densos, mantêm a leveza de quem ainda sonha.