Yendis em diálogos, reúne os textos onde se manifesta o personagem Yendis. Yendis é como se fosse o alter-ego do poeta, tais quais os heterônimos de Fernando Pessoa. E Yendis é um dos personagens mais divertidos. Superior, Yendis só se relaciona com deuses, filósofos, seres superiores como ele, e, com esses, mantém uma postura de primazia; chama Cícero de “caro Circe”, Platão vira “meu caro Plata”, Morfeu, deus grego do sono, é o “Mofa”, os apelidos beiram o deboche: São Lucas transforma-se em “Ó Lucas”, etc. Yendis só aparece em lugares exóticos, distintos: Inferno, Roma, Oklahoma, Bangladesh, etc. Dá conselho a figuras bíblicas, resolve altas discussões filosóficas com uma frase, tem opinião para tudo, e, detalhe, todas suas opiniões são infalíveis e ele fecha o debate, não deixando margem para uma possível continuação da discussão; fala de forma categórica e responde as grandes questões universais: “De onde viemos?” e “Para onde vamos?”, com naturalidade de criança. De tão resoluto e certo de si, Yendis chega a cativar pela firmeza, pela apa¬rente arrogância, que, olhando bem, é um jeito afirmativo de ser, sem medo de ser feliz, sem muita firula acadêmica, sem muita discussão sem fim. Autoritário? Fascista? Yendis responde seus questionadores que lhe vem especular a vida de forma curta e grossa, desmontando seu oponente, por isso, não é bom brincar com ele. E deixá-lo quieto também não é alternativa. Yendis intromete-se em tudo quanto é discussão, quer dizer, só altas discussões em que estão em pauta as grandes questões da Humanidade, os grandes problemas metafísicos do destino do Homem. Ele intromete-se numa conversa de filósofos, joga a sua resolução e sai andando, não perdendo tempo entre os bem pensantes pedantes. Yendis não tem mais paciência para muita firula: ele chega, resolve, e sai fora. Com Yendis é fim de papo. E lógico, ele sai sempre campeão das situações onde aparece. Apenas em um poema, onde aparece a sua amada Satãna – ela mesma, Satãna; veja o diálogo e a intertextualidade interna da grande obra Diário de um louco, a única a quem Yendis se submete, mesmo assim, não deixando de dar umas espetadas também na amada. De tão divertido, Yendis chega a saltar as páginas, esse intrépido personagem. Sua “arrogância” chega a ser cativante. Entrar no seu mundo mágico de deuses e filósofos é um bálsamo para a nossa alma, esmagada pela vida chã.
Número de páginas | 152 |
Edición | 1 (2011) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Blanco y negro |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Portugués |
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