
A Princesa de Belépsia:
contos sombrios dos reinos estranhos e sombrios de Rogério S. de Farias
Em "A Princesa de Belépsia", Rogério S. de Farias — notável autor catarinense e mestre do terror literário — conduz seus leitores por uma galeria de contos onde o horror transcende a carne e adentra os domínios do simbólico, do mítico e do inconsciente. Esta coletânea é, ao mesmo tempo, um convite e um desafio: adentrar Belépsia, um reino que não existe em mapas, mas que habita a imaginação mais profunda e sombria do autor e de seus leitores.
Cada conto é como uma das torres desse castelo espectral: isolado, autônomo, mas compondo uma arquitetura maior — ao mesmo tempo sólida e evanescente — onde as tramas são guiadas por um lirismo perturbador e uma reflexão filosófica silenciosa, porém implacável. Em Belépsia, os medos não se escondem nas florestas ou nas masmorras, mas se insinuam nos rituais cotidianos, nos gestos mínimos e na fragilidade das certezas humanas.
Farias demonstra, com rara maestria, que o terror pode ser uma experiência estética delicada, quase poética, sem abdicar de sua potência desestabilizadora. Seus personagens são figuras que oscilam entre o trágico e o grotesco; suas situações, embora enraizadas no fantástico, expõem as fissuras universais da alma humana: o medo da perda, o desejo de transcendência, o fascínio pelo proibido.
O estilo do autor, já reconhecido por sua precisão verbal e imagética, atinge aqui um grau notável de maturidade. As descrições são vívidas e insólitas, muitas vezes evocando atmosferas que mesclam o onírico com o pesadelo, como se o leitor estivesse sempre à beira de um despertar que nunca chega. As metáforas arquitetam, com delicadeza, passagens para significados ocultos, enquanto os finais — nunca previsíveis — deixam cicatrizes silenciosas na memória.
"A Princesa de Belépsia" não é apenas uma coletânea de contos de terror; é uma obra que desestabiliza fronteiras: entre o real e o irreal, entre o belo e o monstruoso, entre a lucidez e o delírio. Farias reafirma, com este livro, sua posição singular na literatura brasileira, mostrando que o conto de horror pode ser também um instrumento de poesia, filosofia e desconstrução.
Ler estas páginas é, enfim, aceitar o convite para atravessar os portões de Belépsia, onde a princesa que dá título à obra talvez não seja um personagem, mas uma metáfora: a representação final de um terror que é, sobretudo, uma busca — inquieta, infinita e, paradoxalmente, fascinante.
Número de páginas | 102 |
Edición | 1 (2011) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Blanco y negro |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Portugués |
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