Ao chegar aos lugares adjacentes, já percebeu a cor do sofrimento das árvores. Tudo era pálido e sem vida. Tudo era sombrio e sem natureza. A paisagem, que havia deixado verdejante, eram só árvores retorcidas e galhos secos. Já sabia o que encontrar, já que, durante muitas horas, vinha observando a terra rachada e muitas reses farejando o chão, só a cor marrom prevalecia neste espaço rachado do torrão.
No chão estorricado do açude, só restava a lama. A única árvore que expressava a cor da vida era o xiquexique: sua coloração permanecia intacta. Ao retornar, encontrou o pai já bastante envelhecido, as reses já haviam expirado há anos, algumas cambaleavam, tentando sobreviver. A Fazenda, que, antes, fazia o sustento da família, estava totalmente tomada pelos galhos secos. Os confinantes fugiram com destino às megalópoles. Era intenso o número de noctívagos que passavam num real flagelo sem destino.
Haviam passado alguns dias que Loló não saía para suas bravas aventuras. Após uma noite bastante tórrida, o sol amanheceu abrasador; ele tomou de posse de sua espingarda, colocou seu aió no ombro e saiu um tanto moroso, tendo em vista a pouca esperança, já que, a própria natureza já havia deixado o rastro da miséria. O aió continha farinha, nacos de rapadura, carne seca e salgada, mesmo assim se aventurou na mata.
O sol já estava no centro da abóbada celeste, quando decidiu tentar aliviar a fome. Após se alimentar com a salgada carne, comeu um naco de rapadura para minorar o óbvio amargo da vida.
Decorridas algumas horas, a sede começou a consumi-lo lentamente. Ciente de que não havia sequer um poço de água e estando bastante distante da Fazenda, ficou aterrorizado com a difícil situação e, a cada hora decorrida, percebia que a gorja estava apertando, como se estivesse com o pescoço enlaçado. Enveredou por algumas horas e nada de casa nas proximidades do ermo torrão, deixando-o cada vez mais atônito. Pensou no que fazer para reverter esta incômoda situação: adiante avistou um jumento e tentou se aproximar dele; ao chegar, fugiu-lhe o pensamento de montá-lo para andar à procura do precioso líquido, pois o asno era só o esqueleto em forma de jegue.
ISBN | 978-85-60041-13-8 |
Número de páginas | 130 |
Edición | 2 (2016) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Blanco y negro |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Portugués |
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