Sujeito plural & inclassificável
Por conhecer sua vasta obra, afirmo: Cleber Pacheco é um escritor surpreendente. Poeta, Contista, Romancista, Dramaturgo e Crítico Literário (tudo assim mesmo, com letras maiúsculas). Em “Enigmas” ele nos apresenta uma série de pequenos textos desconcertantes – para dizer o mínimo.
“Ele vai todos os dias até a casa abandonada. Abre as janelas, portas, deixa o ar circulando. Dá uma olhada pelos aposentos, confere os objetos, sai. À tarde, quando começa a escurecer, volta. Agora para fechá-la. Entre idas e vindas, passa o resto do tempo habitando precário espaço debaixo de uma ponte procurando pela chave.”
Pequenos textos, sim, mas nunca textos pequenos. Cleber não sabe ser pequeno – ele não nasceu para ser pequeno. “Enigmas” nos revela narrativas enxutas – sem sobras, sem floreios.
“Um velho escritor inventa um monstro original, em tudo diferente aos de outras histórias. Logo após ter escrito o livro, assim como os leitores ao término da leitura assombrosa, não consegue distinguir a criatura.”
Narrativas certeiras, profundas, que nos fazem pensar.
“Um poço. Na superfície, uma mulher descendo a corda com o balde. No fundo, o seu cadáver boiando na água.”
“Fazer pensar” é marca registrada de Cleber Pacheco – sua obra toda é carregada de questionamentos e inquietações. Questionador & inquieto deve ser o Artista. “Enigmas” é obra que perturba, é obra que dói.
“Um troglodita desenha um quadrúpede na parede da caverna. E mais outro. Preenche todo o interior dela. Há figuras de quadrúpedes por toda parte. Ao terminar, nenhum espaço vazio resta. Busca pelo primeiro desenho. Nunca mais o encontra.”
Cleber Pacheco é um sujeito plural, e, portanto, inclassificável. Ao dizê-lo “plural” já o classifico, ao dizê-lo “inclassificável” já o rotulo, pois que seja. Tudo na vida precisa de uma etiqueta – a mais apropriada a um Escritor maiúsculo como Cleber Pacheco é esta: inclassificável. Ou alguém se atreveria a delimitar seu imenso talento?
Ah, sim, Cleber Pacheco também é Artista Plástico. Mas isso é assunto para outra feita.
Cláudio B. Carlos – editor.
Número de páginas | 80 |
Edición | 1 (2014) |
Formato | Pocket (105x148) |
Acabado | Tapa blanda (sin solapas) |
Coloración | Blanco y negro |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Portugués |
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