Quando eu era garoto, tinha um vizinho que tomava umas canas no bar que ficava em frente à minha casa. Era um caboclo alto, do cabelo grisalho penteado para trás e bigode, também grisalho, que quase cobria os lábios. Daí que ele ficava com o copo americano (que é bem brasileiro, aliás) na mão, vinha até a beirada da calçada, e descarregava suas impressões sobre a sociedade, sobre a própria vida, num discurso eloquente e vibrante. Por conta disso, a criançada pôs o apelido nele de Brizola. Antigamente não era todo mundo que tinha coragem de dizer o que pensa, mas hoje em dia, ninguém parece ter mais vergonha em vomitar gratuitamente todo o tipo de bobagens por aí, usando para tal, redes sociais e coisas do tipo. Aliás, sentimo-nos no direito disso, haja o que houver, doa a quem doer. Somos, agora, donos do jornal e da calçada. Tornamo-nos hipócritas, canastrões e insensíveis.
| Número de páginas | 85 |
| Edición | 1 (2019) |
| Formato | A5 (148x210) |
| Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
| Coloración | Blanco y negro |
| Tipo de papel | Offset 80g |
| Idioma | Portugués |
¿Tienes alguna queja sobre ese libro? Envía un correo electrónico a [email protected]
Haz el inicio de sesión deja tu comentario sobre el libro.