O vento soprava suave, subindo vagarosamente pela inclinação do terreno. Cortava seu caminho em meio à relva, carregando poeira e folhas secas de início de outono entre ramos de plantas. A vegetação era abundante na região, com árvores de copa alta e folhas largas, que davam passagem para diversos raios de sol desenharem seu caminho em direção ao solo. A brisa morna alcançou uma clareira, cujo centro era marcado pela presença de uma antiga e poderosa árvore, com suas folhas secas balançando e caindo devido à passagem do ar, acumulando-se ainda mais na terra. Sua casca grossa e marcada pelo tempo acusava uma idade avançada, testemunha dos muitos anos que passaram.
Ao pé desse gigante da natureza se encontrava um homem, sentado imóvel sobre uma pedra tão antiga quanto a planta a sua frente. Com as pernas cruzadas e as mãos unidas em forma de concha, ele parecia entregue aos próprios pensamentos e emoções, imperturbáveis pelo mundo a sua volta. O vento roçava seu rosto levemente, movimentando o cabelo emaranhado enquanto anunciava o final de um verão e o princípio de mais uma fria estação. Com os olhos fechados e o pensamento distante, era impossível ao homem precisar quanto tempo havia se passado. Horas, minutos ou dias, nada disso era importante ali, naquele momento.
De súbito, em um rápido movimento, o jovem se ergueu da pedra com um sobrepasso, afastando-se dela ainda com os olhos cerrados. O vento pareceu aumentar seu fluxo em resposta, agitando ainda mais as folhas da árvore. Após uma breve reverência, que pontuava aquele momento, o homem iniciou sua movimentação de maneira suave e líquida, cujos gestos encaixavam-se perfeitamente uns aos outros.
Número de páginas | 607 |
Edición | 1 (2016) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Colorido |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Portugués |
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