“Há alguns anos a Lygia Fagundes Telles escreveu que no Brasil havia três espécies em processo de extinção: a Árvore, o Índio e o Escritor. Hoje, depois de tantas labutas, eu vou muito mais além, já substituí o escritor pelo leitor. Está claro que não é mais o escritor que está em processo de extinção, mas sim o leitor que anda por demais fugidio. O que poderá fazer o escritor sem o leitor, que é o seu maior cúmplice? Num país como o Brasil, de tanto atraso e miséria, considero OLHOS VERMELHOS – CRÔNICAS INDESEJADAS NUM LENTO (E INÚTIL) MERGULHO EM DIREÇÃO AO NADA NO PAÍS DOS BRUZUNDANGAS E OUTROS ESCRITOS um livro muito engajado. Procuro mostrar, através dessas crônicas, o que ficou por trás das notícias neste começo de século XXI que parece que ainda não começou, o que não se tornou do conhecimento público que ainda pode ajudar na compreensão de alguns fatos que vão compor a história contemporânea do Brasil e de alguns lugares do mundo, onde vou transformando as minhas denúncias em gritos ecoados na multidão. O leitor vai encontrar revelações sobre política, episódios pitorescos, a decepção com a educação, impressões de viagens, o papel da mídia, o imediatismo da imagem, a sociedade tecnocrata, a falta de liberdade, as minhas revoltas e o poder da linguagem.misturados ao sabor dos fatos que testemunhei. Se mais recentemente os episódios como o ataque a Berlusconi e mesmo as sapatadas na direção de Bush mostram que aumentou a intolerância do povo com os políticos, o leitor pode constatar aqui que todos ainda falam em destruir o sistema mas que sempre acabam colocando um mostrengo bem pior no seu lugar. Não é exagero algum chamar essa primeira década do século XXI de “era iPod”, mas o amordaçamento da cultura há de equivaler ao silêncio do próprio Brasil pois também somos feitos de escuridão. Dizem que as melhores coisas surgem quando ninguém está mais olhando. Se OLHOS VERMELHOS, que saiu do epílogo do ano de 2006, tivesse chegado a tempo nas listas de melhores da crítica, certamente teria mudado a ordem das entrelinhas.”
Número de páginas | 228 |
Edición | 2 (2010) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Blanco y negro |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Portugués |
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