A minha pretensão primeira ao iniciar a organização deste livro, em cujas páginas o leitor e admirador da obra magnificente e ímpar de Zé Ramalho, encontrará quase todas as letras das músicas apocalípticas desse homem nascido em Brejo do Cruz e que, por pouco não se transformou em médico, era a de justamente, documentar para a posteridade, a saga ramalheana, quando a obra poética desse paraibano tiver o verdadeiro reconhecimento histórico. Enviei e-mail ao próprio Zé Ramalho por meio de sua Produtora, a Jerimum Produções solicitando autorização para publicar este livro. Recebi resposta sim, no entanto, Roberta Ramalho, esposa de Zé Ramalho, aconselhou-me a pedir autorização antes de publicar o presente livro, às editoras que detêm os direitos sobre as letras das músicas de Zé Ramalho. Este livro, cujo título foi retirado de uma música do paraibano, foi organizado por mim, tão somente com o intuito de documentar a obra poética desse gênio brasileiro, pois, a obra musical o Brasil inteiro já conhece, mas a escrita, na íntegra, uma minoria sabe discorrer sobre ela. Por isso, mesmo correndo contra o tempo e as leis referentes aos direitos autorais, tomei a equivocada decisão de publicar este livro sem a autorização das editoras responsáveis e detentoras dos direitos sobre a obra escrita e musical de Zé Ramalho. Este livro não foi escrito por mim e sim organizado, já que nada contêm de minha lavra criativa, tão-somente a organização de seu conteúdo, qualquer pessoa que ler estas páginas saberá, de antemão, que não sou o autor do mesmo e sim seu organizador, por isso, mesmo correndo o risco de sofrer algum tipo de proibição e/ou processo legal, a minha admiração pelo trabalho magistral desse paraibano iluminado, tomei a decisão precipitada de publicá-lo. Espero que a Editora (as) responsável pelos direitos autorais da lavra poética e musical de Zé Ramalho, jamais venha a proibir a circulação livre deste livro, pois trata-se de um documento histórico, que permanecerá vivo e impresso para presentes e futuras consultas e leitura de quem tenha interesse em conhecer a profundeza da obra poética e musical de Zé Ramalho, além de ter sido organizado e escrito com o coração e a alma. Tenho convicção de que, da parte que toca a Zé Ramalho, não haverá nenhuma restrição a este livro, pois, se assim fosse, sua esposa não teria me aconselhado a procurar contatar as editoras responsáveis pela liberação do uso das letras que compõem este simples livro. No entanto, entretanto e portanto, se quaisquer espécies de proibição e/ou restrição forem impostas à livre circulação desta obra literária, humildemente obedecerei e a retirarei de circulação e me retratarei diante dos responsáveis. Mas solicito aos mesmos um naco de compreensão e imploro aos mesmos, autorização, liberação e perdão, mas, por favor, não proibam a circulação deste livro, porque ele retrata uma das mais geniais obras poéticas da historiografia da Música Popular Brasileira.
Em uma de suas obras-primas, o paraibano Zé Ramalho canta e ensina: “Digam versos pela resistência/façam coisas pela liberdade/Pulem os muros/desamarem os laços/Pelos caminhos das aventuras/As alturas merecem todas as asas...”
Os jovens não estão lendo bons livros. O povo anátema não está ouvindo boa música. É o chamado “terrorismo cultural”, que cria gerações que não sabem pensar e aqueles que pensam não ousam se manifestar diante do Monstro Sist. A máquina pensa por nós. Diante de um mundo tão avançado tecnológicamente (?), hoje ser inteligente caiu de moda, porque o “geniozinho” pode sofrer muito preconceito diante de uma massa robotizada. A antiga frase “LEIO, LOGO EXISTO”, eu mesmo me encarreguei de mudá-la e amoldá-la aos dias de então, pois se adequa ao Q.I. das novas gerações: -LEIO, LOGO SOU IGNORANTE-. A televisão, esta máquina maligna de fabricar doidos e seus donos, apresentadores vendidos e atores sem nenhuma expressividade, a maioria das músicas gravadas no país e que infestam rádio e TV, se é que se pode denominá-las como tais e seus compositores e intérpretes, os vídeo games, o cinema, antes tão glorioso, computadores e a vil Internet, juntos, como se fizessem parte de uma fileira teleguiada pelo poder, fazem se alastrar de forma catastrófica sobre a humanidade, a ignorância. Tanto progresso se metamorfoseou em gigantesco regresso. O preconceito continua latente e mascarado em forma de avanço. O que o imperialismo fez com todos os povos, o que fizemos e continuamos a fazer contra os índios, contra os jovens, contra as mulheres e contra o proletariado e contra os índios, imbuídos dos ideais de progresso, expandindo ilimitadamente o nosso pretenso poder, levando tudo e a todos à destruição e à miséria, nos fazem mais terroristas que Osama bin Laden.
Mas eu fico com as palavras do poeta e escritor, Eliezer Soares de Souza, o Dédo, no que tange à relação humana: “Essas coisas não me preocupam mais, eu sempre tive com meus botões, que enquanto houver dois homens, ou dois Estados ou duas idéias no mundo, jamais haverá paz absoluta. Pode haver períodos de trégua e mesmo durante esse período haverá medo, porque duas idéias, dois homens ou dois Estados, se não forem antagônicos, não serão dois.” Precisamos aprender muito com os nossos índios. “ Não são os índios que precisam de nós e sim nós que precisamos dos índios. Por quê? Se você olhar bem, são eles que conhecem a biodiversidade biológica, de modo que nós dependemos delas e não o contrário (...) Porque essas culturas são capazes de conviver com o meio ambiente e nós não? Temos que aprender com elas. Se você olhar para essas culturas indígenas irá encontrar algumas direções das granmdes utopias humanas, a saber: 1. A sociedade sem Estado e sem poder. Um chefe indígena não tem poder, não manda em ninguém, não dá ordens, ele é o representante da cultura, da tradição, da experiência, é o que sabe mais e por isso a chefia é um posto hereditário, porque é preciso ir aprendendo ao longo da vida... o filho vai aprendendo com o pai. 2. A propriedade da terra é coletiva, ninguém é dono; cada um tem a sua roça, mas ninguém é dono da terra. São sociedades em que a informação é aberta; o que um sabe, todos podem saber e ninguém se apropria da informação para transformá-la em poder político ou econômico. E fechados em sua própria cultura, são sociedades onde nem sequer existe dinheiro. Então, nessa sociedade, onde a propriedade é coletiva, a informação é aberta e o chefe não tem poder, é impossível haver repressão organizada (as polícias) e sem repressão organizada é impossível a dominação de um individuo por outro ou de um grupo por outro – todos são igualmente livres. E isto é uma coisa extraordinária! Ninguém manda em ninguém, ninguém dá ordens para ninguém – é uma espécie de democracia do consenso. São sociedades em que não há nenhuma das grandes mazelas das nossas sociedades: não há prisão, não há hospício, bordel, orfanatos, asilo de velhos, de modo que deveríamos olhar essas culturas com outro olhar como uma outra possibilidade. Enquanto estamos nos arrastando para tentar fazer a democracia da maioria eles estão lá na frente, vivendo a democracia do consenso.” Hélio Alcântara, poeta e jornalista/Revista Caros Amigos, número 31/Outubro/1999.
Quando RAUL SEIXAS dizia: “Só há amor quando não existe nenhuma autoridade.”, o mais polêmico dos cantores e compositores brasileiros sabia o que estava afirmando. Nascemos livres e bons e o ódio é uma coisa que aprendemos a nutrir com nossos pais, que também criaram a restrição à liberdade plena. Discorrer sobre a poética apocalíptica desse gênio paraibano, que é, sem dúvida, um dos mitológicos compositores e cantores paridos em terras tupiniquins, trata-se de uma tarefa, deveras difícil e complicada. Por isso tomei a decisão de organizar quase toda a poesia de Zé Ramalho e criar este livro, porque nada melhor e mais suscinto para escrever com bastante veracidade sobre o verdadeiro significado da poesia magnifica de Zé Ramalho do que a impressão de suas poesias/músicas, que possibilitará a compreensão de seu significado real por parte daqueles que o admiram e o compreendem e também guiará neófitos a dimensões estelares e espirituais, pois, Zé Ramalho, que quase se tornou médico, hoje é médico de almas, porque sua música e poesia possuem a áura apocaliptica e sertânica. José Ramalho Neto nasceu a 3 de outubro de 1949, em Brejo do Cruz-PB. Filho de Estelita Torres Ramalho, professora primária e de Antonio de Pádua Pordeus Ramalho, seresteiro. Zé ramalho viveu no sertão paraibano até os 2 anos de idade. O pai morreu afogado num açude do sertão. O avô o “tomou” para criar. A morte do pai, que certamente marcou a vida do paraibano e o carinho e respeito pelo avô que o criou, anos depois seriam consagrados na bela canção “AVÔHAI!” Nome soprado por entidades extraterrestres ou espirituais, de acordo com afirmações do próprio José Ramalho Neto, décadas depois e que deu título a uma de suas mais belas criações poéticas e musicais.
Número de páginas | 336 |
Edición | 1 (2011) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Blanco y negro |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Portugués |
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