Luciana Dantas Teixeira de Araújo, natural de Natal - RN, mora atualmente em Recife. É casada com Tibério e mãe de Rafael e Vinícius. Licenciada em Música e Pedagogia, bacharel em Direito, é também especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e Inclusiva e Autismo. Trabalhou com musicalização de bebês e crianças, foi professora de Arte na rede municipal de ensino do Recife, e hoje atua na Gerência de Educação Especial do mesmo município.
É membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, onde também trabalha na área de música e educação infantil.
A escrita é o fio que costura o que mais gosta em sua vida: Deus, Arte, Educação, Natureza, ser humano. Todos compondo um mesmo tecido em cuja complexidade ela imprime suas palavras.
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"As Danaides eram cinqüenta filhas de Danao, rei de Argos. Seu irmão, Egito, tinha cinqüenta filhos. Mandou a filharada masculina casar com as primas. Danao não queria o casamento. Combinou com as filhas um plano.
Os cinquenta recém-casados tiveram a mais estranha noite de núpcias de que há notícias no mundo. Foram todos assassinados pelas esposas. Só escapou um, Linceu, poupado por sua mulher, Hipernestra.
Júpiter condenou as Danaides às penas do Tártaro, que era o Inferno daquele tempo. As Danaides enchiam um tonel sem fundos. Séculos e séculos, sem pausa, sem descanso, sem interrupção, as moças carregavam água, despejando-a no barril furado.
Teodoro de Banville contou o fim dessas Danaides, na "Lanterna Mágica". Os Titãs venceram os Deuses. O Tártaro ficou sem chefe, despovoado de sofredores, todos perdoados. Astério anuncia a terminação da sentença:
- Acabou vosso suplício. Largai essa penitência. O tonel está cheio.
As Danaides pararam, pela primeira vez, há milênios. Enxugaram a fronte, descendo as bilhas, infatigáveis. E disseram, confusas e desapontadas:
- Está cheio o tonel? Pois bem! Que havemos de fazer? Já estavam habituadas com o trabalho contínuo, mesmo inútil.
Não perguntem, pois amigos, por que escrevo sempre, com ou sem leitores, com ou sem compreensão, estímulo ou tolerância. Deixem-me com o meu barril sem fundo. A tarefa finda significaria o repouso incômodo, a displicência, a preguiça mortal.
Por isso, mesmo sem ter ofendido Apolo, encho, obstinado e tranqüilo, a talha imperfeita, escondido num recanto de província. Quando não mais ouvirem o rumor da água agitada, não se dirá que Júpiter sucumbiu. Será que, para sempre, desfaleceu na Morte o braço humilde do trabalhador..."
Luís da Câmara Cascudo, Seleta, pags. 178-1796. Livraria José Olímpio Editora: Rio, 1972.
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