A carta e o poema que vêm a seguir foram escritos por um grande amigo, colega de medicina, e que vou manter no anonimato. Vou aproveitá-los como uma espécie de prefácio para este segundo tomo da “Ciência, a Nova Religião”, e chamo-o agora “Ciência, Magia Logificada”.
Esse foi o desabafo de um colega meu, de um médico honesto, depois de ler a primeira edição ou versão de É a Ciência Uma Nova Religião? (ou Os Perigos do Dogma Científico), Editado pela Editora Civilização Brasileira S/A, Rio de Janeiro, do Sr. Enio Silveira, em 1970. Se antiga versão suscitou bons e entusiásticos sentimentos por parte de muita gente, podem imaginar, amigos, que elogios não merecerá a versão atual, burilada, atualizada e transformada em quatro volumes. Deste modo então escreveu o honestíssimo e nobre colega:
Querido Irmão:
Tu sabes muito bem que as palavras são apenas veículos dos sentimentos. E que aquela súbita e infinita alegria, que aquela tristeza imensa não podem ser traduzidas pelas palavras, essas fantasmagóricas rainhas.
Entretanto..., abusemos uma vez mais: como desculpa, te digo que obedeço ao forte impulso interior.
Escrever-te é difícil, não por tua culpa é claro. Antes desta linha, já rabisquei e destruí umas boas dez folhas que tentei iniciar, mas invadido por terrível ambivalência, pensava cá comigo:: "Quê queres comunicar a quem sempre te pode ensinar?"
A verdade é que não consigo conter um grande sentimento de gratidão. Não sei porque, mas só agora, depois de um ano de relacionamento é que te escrevo: talvez porque o intelecto não mais resista com suas clássicas e idiotérrimas perguntas ("O que será que ele vai pensar, etc.").
Desde aquela ocasião em que aquele estudante de medicina angustiado, apalermado e burróide te procurou, até os dias de hoje, muita coisa de notável para mim ocorreu.
Hoje, onde havia angústia, há paz; onde havia confusão, há clareza e serenidade.
A pedra bruta atirada montanha abaixo girou, girou, chocou-se com outras e após seu giro louco repousou e, para surpresa, viu que estava modelada.
Ah, amigo, foste o artista desta transformação!
Por isto te sou infinitamente grato.
Pela tua imensa capacidade de mergulhar profundamente neste mar de caos que é o mundo moderno – com o perdão da palavra – chafurdar nas imundícies criadas pelos cientistas e, após um trabalho estafante – às vezes não entendo como conseguiste – retirar uma pérola que depositaste nas mãos de muitos, entre os quais estava este discípulo ultra condicionado.
Muito obrigado amigo e irmão. Quisera ter podido repartir contigo gota a gota os suores daquela época infernal, daquela angústia notável, os calos nos dedos de tanto bater na velha máquina Remington, os fios de cabelo que deves ter perdido, ou senão brancos, que, por vezes, disfarças de leve.
A vida quis, entretanto, que passássemos solitários aquela etapa, que graças a ti, é agora um sonho vivo para mim..
Mas por Deus:
Onde estão as bactérias, os vírus e ultra vírus,
O mundo microscópico demoníaco,
E seu igual o universo científico,
Inventados por estes egos filhos da puta?
Onde estão o fígado, o baço, os rins
O coração, o pulmão, o cérebro, Deus meu?
Artimanhas terríveis daquele
Que se encanta em dividir, dividir, dividir...
A necrose, a cirrose, a leucose, a nefrite
A Anatomia Patológica, o câncer, a genética?
E a célula, velha madrasta maligna
Mil vezes prostituta, mãe de mil demônios?
Onde estás? Onde estão?
Estão aqui, é claro, ou seja em lugar nenhum...
E o cérebro dos psiquiatras?
E aquela esquizofreniazinha
Que escorregava nas costinhas daquela proteinazinha?
E aquela coisinha de ego, Superego, id?
Superego... o bom... o bom...
Ego – Sou eu! Sou eu!... Eu, quem, panaca!
E o Id... Id... Id... Id...---- Idiotas!
Onde está aquela criança que não pode apanhar sol!
Ou ir na chuva porque recolhe, ou tomar banho porque encolhe?
(Elas te agradecem também)
Onde foi o que dizia que pólen dava alergia.
Maldito seja, e que por mil encarnações
Receba ferroadas de abelhas na bunda...
Será que me faz mal batata-frita com ovos, Doutor?
Xi, não posso comer maçã porque me dá congestã!
Bravo, bravíssimo, demoliste a coisa.
E como dizia Fernando Pessoa:
Isto é um rio, este é o sol, isto é o amanhecer
Esta é uma árvore, este é um pássaro...
Resumo: recriaste a natureza.
Bicho muito doido!...
Número de páginas | 279 |
Edición | 1 (2011) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabado | Tapa blanda (con solapas) |
Coloración | Blanco y negro |
Tipo de papel | Offset 80g |
Idioma | Portugués |
¿Tienes alguna queja sobre ese libro? Envía un correo electrónico a [email protected]
Haz el inicio de sesión deja tu comentario sobre el libro.